Tu

Não sabia que pensar. Depois adorei. Agora sinto que o pudor é maior.

Caminhava direito mas com sobressaltos. Chamaste-me e disseste o que querias de maneira subtil. Fizeste com que eu quisesse conhecer a estrada. Foste inteligente.

Mostraste-me então uma estrada. Negra mas prazeirosa. Conduziste-me dia após dia sem cessar. Parámos no sítio onde pensaste ser melhor. A partir daí as estradas eram muitas mas desta vez de terra. Só terra e pedras.

Falaste-me uma última vez dizendo 'Olá!'. Daí para a frente foi como se só uma memória tua restasse comigo.

Demorei tempo a escolher. Escolhi mas foi como se tivesse abandonado a estrada. Escolhi bem mas o percurso foi difícil. Contudo sabia que quando chegasse e me transformasse teria sido o melhor caminho da minha vida.

Quando cheguei não me esperavas. Percebi que tinhas ido encaminhar outros.

Falaste então mas alguém me impedia de ouvir as entrelinhas. Alguém ridículo. Não disseste nada do que tinhas para dizer. Sentiste-te desrespeitada.

Nunca me tinha sentido tão mal comigo próprio. Durante dias só mostrava o que não era. Os defeitos que detestava.

Chegaste então de corpo e alma e o teu olhar transmitiu algo que ainda não consigo perceber.

Primeiro pensei: 'Faz o que ele diz!'. Segundo pensei: 'Não! Não sabes lidar com as consequências!'. Terceiro pensei: 'Exterioriza'!. Quarto pensei: 'Pensa.'.


Obrigado por lá estares. Desculpa por nem sempre comparecer. Gostava que lêsses.

Rúben